Milho
O que é?
É possível negociar contratos futuros de Milho na BM&F (Atual B3). O início da negociação desse tipo de contrato começou em 19 de Setembro de 2008. O ativo-objeto, isto é, o ativo negociado, é o Milho em grão a granel, amarelo, de odor e aspectos normais, em bom estado de conservação, livre de bagas de mamona, bem como de outras sementes prejudiciais, e de insetos vivos, duro ou semiduro, proveniente da última safra e de produção brasileira, em condições adequadas de comercialização e próprio para consumo animal; e com (a) até 14% de umidade; (b) máximo de 1% de impurezas na peneira de 3mm; (c) máximo de 6% de grãos ardidos ou brotados e livres de grãos mofados; (d) máximo de 12% de grãos quebrados, partidos ou chochos.
A negociação se dá na forma de sacas e em Reais. Cada saca equivale a 60kg, livres de ICMS. O lote mínimo (1 contrato) equivale a 450 sacas de 60kg cada, ou 27.000 kg. Existe a possibilidade de entrega física da mercadoria, caso a pessoa decida receber o produto físico. Entretanto, para isso, o comprador da mercadoria deverá se adequar as normas estabelecidas junto a BM&F, apresentando nos prazos estabelecidos o Aviso de Intenção de Liquidação por Entrega (AILE). O saca do Milho deverá apresentar todas as características propostas pela própria BM&F. Além disso, entregar a mercadoria física pode trazer despesas com transporte, distribuição, armazenamento, etc. Caso contrário, se o investidor não quiser receber a mercadoria física, terá suas posições liquidadas financeiramente no vencimento dos contratos (é o que acontece na maioria dos casos).
O milho é um dos mais importantes insumos do setor de criação animal, principalmente na alimentação de aves e suínos, sobressaindo-se também na alimentação humana, sob a forma de seus derivados: fubá, farinha, óleo, amido etc. Quanto ao comércio internacional, somente 10% da produção mundial de milho é transacionada, o que demonstra a grande demanda interna dos países produtores de milho. No Brasil, a produção de milho concentra-se na região Centro-Sul (90%), em que se destacam os estados do Paraná, participando com 26% da produção brasileira, Minas Gerais (16%) e São Paulo (11%). Quanto ao destino da produção de milho no Brasil, 64% são voltados à alimentação animal, com a avicultura representando 36% e a suinocultura, 20%. Já o consumo industrial corresponde a cerca de 10% da produção total, as exportações, a 11% e o consumo humano, a 3%. A parcela restante é direcionada a outros setores.
O mercado de Milho futuro foi criado para garantir um preço para as sacas, tanto para o produtor quanto para o comprador, oferecendo proteção aos players desse mercado. Logo, a negociação do Milho futuro garante o preço da saca do Milho em uma determinada data futura. Dessa forma, os produtores garantem um preço justo pela venda de sua safra, de modo que consiga cobrir seus custos de produção e garantir algum lucro. Do outro lado, os compradores de Milho, também garantem um preço, podendo prever melhor seu fluxo de caixa e seus gastos com as compras dessa commodity.
O preço de mercado do Milho Futura varia de acordo com a oscilação da cotação da Milho no mercado físico, assim como a proximidade do vencimento do contrato futuro. Essa oscilação de preços também tem relação com as condições meteorológicas, como a chuva e a região do plantio, pois isso pode modificar a qualidade e quantidade da safra. Além disso, há também o período de colheita, onde, geralmente, o preço do grão cai quando se está na época da colheita.
Características
Nomenclatura
A nomenclatura da negociação do futuro de Milho será da seguinte forma:
1. Código de negociação do Milho, isto é, “CCM”.
2. Letra correspondente ao mês de vencimento, conforme abaixo:
Mês | Letra |
Janeiro | F |
Março | H |
Maio | K |
Julho | N |
Agosto | Q |
Setembro | U |
Novembro | X |
*Padrão Internacional
3. Ano de vencimento.
Exemplo: Para negociar um contrato de Milho com vencimento em Março de 2014, teremos o seguinte código:
CCM H 14
Contrato
Os contratos futuros de Milho possuem as seguintes características:
Objeto de Negociação | Milho em grão a granel, com odor e aspectos normais, duro ou semiduro, amarelo, da última safra, com máximo de 14% |
Código de Negociação | CCM |
Unidade de Negociação | 450 sacas de 60 Kg (equivalente a 27 mil toneladas) |
Cotação | Reais |
Variação Mínima da Cotação | R$ 0,01 por saca e 60 Kg |
Variação Máxima da Cotação | 5,0% sobre o preço de ajuste do dia anterior do vencimento negociado. |
Lote Padrão | 1 contrato (equivalente a 450 sacas de 60 Kg ou 27 mil toneladas) |
Limite de Posição | 1.400 contratos ou 25% das posições em aberto por vencimento |
Horário de Negociação | 09:00 – 15:30 (Negociação Normal) 16:20 – 18:00 (After Market) |
Último dia de Negociação | 15º dia útil do mês de vencimento do contrato |
Day Trade
É possível realizar day trade (compra e venda no mesmo dia da mesma quantidade de contrato para o mesmo vencimento) de contratos futuros de Milho. A liquidação financeira das operações de day trade é realizada automaticamente no primeiro dia útil subsequente à data de fechamento dos negócios.
Ajuste Diário
O ajuste diário nada mais é do que um mecanismo utilizado pela BMF&Bovespa para equalizar as contas dos investidores. Como os contratos futuros variam de preço todo dia, gerando assim um débito ou crédito, os investidores são atualizados diariamente sobre suas posições, ganhando ou perdendo conforme os preços oscilam, isto é, os investidores recebem seus lucros e pagam seus prejuízos diariamente. Esse mecanismo é utilizado como forma de proteção contra possíveis inadimplências por parte dos investidores.
Nos Contratos Futuros de Milho, a movimentação financeira do ajuste diário se dá no dia seguinte, isto é, em D+1. Entretanto, no dia do vencimento, o ajuste é feito no próprio dia, isto é, em D+0.
Margem de Garantia
A margem de garantia é um valor depositado em dinheiro ou títulos que servirá para cobrir uma possível inadimplência do investidor em alguma chamada de ajuste diário. Normalmente para se operar um futuro na bolsa, o investidor é obrigado a depositar margem de garantia para mitigar o risco de credito. Essa margem é estipulada pela Bolsa, de acordo com critérios de apuração de margem para os contratos futuros.
Os ativos aceitos como margem de garantia podem ser dinheiro, ouro, títulos públicos federais, títulos privados, cartas de fianças, ações e cotas de fundos fechados de investimento em ações.
Nos contratos futuros de Milho, a margem de garantia é de aproximadamente 5,49% do valor total dos contratos negociados.
Custos Operacionais
Os custos operacionais ao se negociar futuro de Milho são:
Corretagem: Podendo variar para cada corretora. Entretanto, a grande maioria se utiliza da Taxa Operacional Básica, estipulada pela própria Bovespa. Nesse caso, os custos serão de 0,30% para operações normais e 0,07% para Day-trade.
Taxas da Bolsa: São cobradas taxas de emolumentos, taxas de registro, permanência e liquidação, calculados pela própria BM&F, conforme a seguir:
Emolumentos:Os emolumentos são os valores cobrados pela BMF referente aos serviços de negociação. Eles incidem na negociação do contrato (abertura ou encerramento de posição antes do vencimento), exercício de opções, registro e liquidação antecipada e procedimento de cessão de direitos. Nos Contratos Futuros de Milho, os emolumentos são cobrados conforme tabela a seguir:
Quantidade de contratos | Valor da faixa | |
De | Até | R$ |
1 | 250 | 0,27 |
251 | 500 | 0,23 |
501 | 1.000 | 0,16 |
1.001 | 2.500 | 0,08 |
2.501 | 5.000 | 0,07 |
Acima de 5.000 | 0,04 |
Taxa de Liquidação: Essa taxa refere-se à liquidação dos derivativos no encerramento de posições no vencimento, além de pagar as despesas da clearing. Geralmente, a taxa de liquidação é um valor fixo, cobrado por contrato, independente do volume negociado. No contrato futuro de Milho, é cobrado R$ 0,52 por contrato.
Taxa de Permanência: São os custos de serviço de acompanhamento de posições e emissão de relatórios e arquivos realizados pela clearing, além da cobertura de custos operacionais para a manutenção de posições inativas em produtos derivativos. Ela é aplicada sobre as posições em aberto em contratos negociados em pregão (exceto opções e minicontratos) e contratos registrados em balcão. Essa taxa é calculada diariamente, cobrada no último dia útil de cada mês, no dia seguinte ao encerramento das posições ou quando ocorrer a transferência total de posições para outro investidor.
A base de cálculo desta taxa é a quantidade de posições em aberto na abertura da data de cálculo, sendo possível a redução dessa taxa conforme volume negociado no dia. O fator de redução e o valor da permanência diária a ser aplicado sobre os negócios realizados no dia e sobre a posição em aberto é definido por contrato.
Nos contratos futuros de Milho, essa taxa equivale a 0,0023000% por contrato e por dia.
Taxa de Registro: Valor cobrado para registrar a operação na clearing, incidente somente nas negociações que impliquem a abertura de posições ou o encerramento antes do vencimento, sendo cobrada no dia útil subsequente à data dessas duas ocasiões.
A tabela de faixas da taxa de registro é divulgado pela bolsa para cada contrato, sendo estas faixas obtidas pelas médias das negociações no contrato nos últimos 21 pregões que antecedem a data de cálculo. Esse cálculo é feito no último dia de pregão da semana e o resultado da aplicação desse volume na tabela de faixas é um valor para a taxa de registro que será válido para todos os demais dias da semana seguinte.
Atualmente, a taxa de registro dos contratos futuros de Milho está conforme a tabela abaixo:
Quantidade de contratos | Valor da faixa | |
De | Até | R$ |
1 | 5 | 0,33 |
6 | 20 | 0,27 |
21 | 30 | 0,17 |
31 | 60 | 0,09 |
61 | 200 | 0,07 |
Acima de 200 | 0,05 |
Vencimento
O vencimento do contrato futuro de Milho ocorre somente em alguns meses do ano. Os meses de vencimento são: Janeiro (F), Março (H), Maio (K), Julho (N), Agosto (Q), Setembro (U) e Novembro (X).
Liquidação
Na data de vencimento, as posições em aberto, após o último ajuste, serão liquidadas financeiramente pela Bolsa, mediante o registro de operação de natureza inversa à da posição, na mesma quantidade de contratos, pelo valor de liquidação.
Rolagem de Milho – MR1
As operações de rolagem de Milho – MR1 – consistem na estratégia de negociar dois vencimentos de contrato futuro de Milho simultaneamente.
As regras de rolagem de Milho são iguais para o contrato original de futuro de Milho. Entretanto, as negociações de MR1, ao invés de gerar posições em um novo contrato, serão transformadas automaticamente em duas operações: a primeira será no contrato futuro de Milho, no primeiro vencimento (ponta curta) de natureza inversa, e a segunda será no vencimento maior (ponta longa), de natureza idêntica ao MR1. Dessa maneira, a MR1 não terá posição em aberto ao final do dia, sendo os negócios distribuídos nos respectivos vencimentos de contrato futuro de Milho.
Rentabilidade e Riscos
A rentabilidade e o risco de se investir no contrato futuro de Milho está relacionado com a variação dos preços da Milho no mercado spot e no mercado futuro. Essa variação de preço pode ter diversas justificativas, como uma demanda ou oferta maior em um determinado período, ou ao contrário. Se o investidor comprar um contrato futuro de Milho e o preço cair, ele perderá dinheiro. Ou, se ele vender um contrato futuro de Milho e o preço subir, ele também perderá dinheiro.
Os contratos futuros de Milho são amplamente usados para hedge, isto é, para proteção do preço futuro da Milho, que poderá afetar os produtores e as empresas processadoras de alimentos e criadores de animais. Entretanto, os contratos futuros de Milho também são usados para especulação, onde os investidores poderão se aproveitar da oscilação dos preços para obter ganhos.
Tributação
A tributação do contrato futuro de Milho será a uma alíquota 15% sobre a soma algébrica dos ajustes diários (somente se for positiva) e apurada no encerramento da posição. Há também a alíquota de 0,005% de imposto de renda retido na fonte sobre a soma algébrica dos ajustes diários (se for positiva).
Para operações de day trade, a alíquota do imposto de renda é de 20%. Há também o imposto de renda na fonte para operações de day trade, a uma alíquota de 1%, se for positiva.
É permitido a dedução de todos os custos e despesas incorridos nas operações, como taxas de corretagem e taxas cobradas pela BMF&Bovespa. É permitido também a compensação de perdas incorridas com os ganhos líquidos auferidos no próprio mês ou nos meses subsequentes, sendo a compensação válida somente para operações da mesma espécie e modalidade operacional.
O recolhimento do imposto é de responsabilidade do próprio investidor, exceto quando o imposto for direto na fonte e deverá ser apurado mensalmente e pago até o último dia útil do mês subsequente ao da apuração. A apuração é realizada ao longo da vigência do contrato e não mensalmente.
Exemplo
Vamos supor que um produtor de Milho queira fixar um preço mínimo para a venda de sua produção, afim de cobrir seus custos de plantação de colheita do Milho. Sua produção é de aproximadamente 7.200 Sacas. Logo, esse agricultor quer se proteger contra uma queda dos preços, visto que se o preço da saca de Milho cair muito, seu lucro com as vendas será menor. Para saber o tamanho do contrato que ele deverá comprar, basta fazer a seguinte conta:
= Quantidade de Sacas / Tamanho do Contrato
= 7.200 / 450 = 16 sacas
Logo, a fim de proteger sua exposição em Milho, esse produtor precisa vender 16 contratos. Considere as informações a seguir:
Compra de Sacas | 7.200 |
Tamanho do Contrato | 450 |
Preço por Saca | R$ 19,00 |
Venda de Contratos | 16 |
Início do Contrato | Novembro |
Vencimento do Contrato | Janeiro |
Conforme os dias vão passando, temos os seguintes resultados (ajustes diários):
Data | Preço de Ajuste | Ajuste Diário |
D+0 | R$ 19,00 | 0,00 |
D+1 | R$ 18,88 | 864,00 |
D+2 | R$ 18,65 | 1.656,00 |
D+3 | R$ 18,70 | -360,00 |
D+4 | R$ 18,13 | 4.104,00 |
D+5 | R$ 17,50 | 4.536,00 |
… | … | … |
D+60 (Vencimento) | R$ 17,80 | -2.160,00 |
Total | 8.640,00 |
D+0: No primeiro dia, temos a venda de 16 contratos ao preço de R$19,00 por saca.
D+1: Temos a variação dos preços da Milho futuro, sendo negociado a R$18,88. Dessa maneira, o ajuste diário é calculado pela diferença do preço atual menos o preço do dia anterior (R$18,88 – R$19,00) multiplicado pela quantidade de contratos e pelo tamanho de cada contrato (16 * 450 = 19.800). Logo, como o preço caiu e o produtor está vendido, teremos um ajuste positivo de R$864,00.
D+2: Temos um ajuste positivo de R$1.656,00. (R$18,65 – R$18,88) * (16 * 450) = R$1.656,00.
D+3: Temos um ajuste negativo, pois o preço da saca do Milho subiu. (R$ 18,70 – R$18,65) * (16 * 450) = – R$360,00.
D+4: Temos um ajuste positivo, pois o preço caiu. (R$18,13 – R$18,70) * (16 * 450) = R$ 4.104,00.
D+5: Temos um ajuste positivo, pois o preço caiu. (R$17,50 – R$18,13) * (16 * 450) = R$ 4.536,00.
Esses ajustes vão acontecer até a data de vencimento. É lá que saberemos se o investidor terá um lucro ou prejuízo na operação de Milho futuro. Se no vencimento o preço do Milho fechar a R$17,80, o resultado será o seguinte:
1. O produtor vai vender sua produção (7.200 sacas) de Milho ao preço spot, isto é, a R$17,80, gerando uma receita de R$128.160,00 (7.200 sacas * R$17,80).
2. Ganho de R$8.640,00 na operação de Milho futuro (soma de todos os ajustes diários da operação, tanto positivo quanto negativo).
3. Somando a receita gerada pela venda das sacas ao preço spot mais o lucro da operação de Milho futuro, teremos um ganho total de R$ 136.800,00. É como se esse agricultor vendesse sua produção de Milho por R$19,00 por saca, ao invés de R$17,80 (preço spot).
Pelo exemplo acima, podemos concluir que, independentemente se o preço da Milho subir ou cair, os participantes se protegem dos riscos associados às oscilações de preço, assegurando suas margens antecipadamente e garantindo maior estabilidade a suas atividades, assim como uma melhor previsão do seu fluxo de caixa.
*Os custos de transação e impostos foram desconsiderados nestes exemplos.
Vantagens
- A maior vantagem do contrato futuro de Milho é a possibilidade de se fazer hedge e proteger-se contra as oscilações dos preços, dando a flexibilidade e segurança aos produtores e empresas alimentícias para planejar melhor seu fluxo de caixa.
- Possibilidade de especulação na variação de preços da Milho. Se o investidor achar que o preço vai cair, ele poderá vender contratos futuros de Milho, sem investir dinheiro (somente a margem inicial), tendo seu lucro ou prejuízo diariamente nos ajustes diários, conforme variação do preço da saca de Milho.
Desvantagens
- Ajustes diários;
- Margem de garantia;
- Imposto de renda;
- Prazo de vencimento, logo, você não pode carregar a posição para sempre, tendo que rolar para o próximo vencimento caso queira continuar posicionado;
- Investimento de alto risco, pois trata-se de renda variável.